
Pesquisadores podem ter identificado pistas valiosas sobre o que contribui para uma vida significativamente longa. Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (24/9) na revista Cell Reports Medicine investigou em profundidade o caso de Maria Branyas, uma mulher branca de origem espanhola que faleceu em 19 de agosto de 2024, aos 117 anos, sendo então a pessoa mais idosa do planeta.
Durante sua trajetória, Maria enfrentou a infecção por Covid-19, apresentou perda auditiva e algumas limitações motoras, mas manteve plena lucidez até o fim. Para entender os motivos de sua longevidade incomum, cientistas analisaram seu material genético, amostras de sangue, fezes e a composição de sua microbiota intestinal.
Os dados obtidos foram comparados com os de indivíduos mais jovens e de outros idosos com idade avançada. A análise revelou que Maria possuía variantes genéticas raras que a protegiam contra doenças frequentemente associadas ao envelhecimento, como câncer e males cardiovasculares.
Outro aspecto fundamental observado foi o baixo nível de inflamações em seu organismo. Com o avanço da idade, é comum que o corpo desenvolva inflamações silenciosas que favorecem enfermidades crônicas. No entanto, no caso de Maria, esses marcadores estavam em níveis bastante reduzidos.
Além disso, sua flora intestinal apresentava características semelhantes à de pessoas muito mais jovens, com abundância de bactérias benéficas, como a Bifidobacterium, que auxiliam na digestão e fortalecem o sistema imunológico.
Um dado especialmente interessante foi que, mesmo apresentando sinais típicos de envelhecimento celular, sua idade biológica parecia ser muito inferior à cronológica. Isso indica que envelhecer não está necessariamente ligado ao desenvolvimento de doenças graves.
Embora o estudo tenha se concentrado em apenas um caso excepcional, os cientistas ressaltam que não se pode aplicar esses resultados a toda a população. Ainda assim, os achados reforçam a relevância de investigar o papel dos genes, do metabolismo e da microbiota intestinal no processo de envelhecimento saudável.
O título da pesquisa destaca justamente a possível combinação entre genes protetores raros e uma microbiota intestinal equilibrada como elementos-chave para a longevidade com qualidade de vida.