O pastor Silas Malafaia, fundador da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, confirmou ter recebido um investimento de R$ 30 milhões do empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik do Bitcoin”, condenado a 56 anos de prisão por comandar um esquema de pirâmide financeira com criptomoedas. O aporte foi feito na editora Central Gospel, de propriedade de Malafaia, que estava em recuperação judicial desde 2019.
Segundo o depoimento de uma testemunha à Polícia Federal, a parceria começou com a criação da empresa Alvox Gospel Livros Marketing Direto, aberta em 2021 e encerrada em 2022. A estratégia, segundo o relato, era evitar exposição direta ao nome de Malafaia, criando uma empresa com outro nome. O pastor, no entanto, afirma que não tinha controle sobre a Alvox, que era gerida por Francisley, e que deixou a sociedade em março de 2022, antes de qualquer investigação formal contra o empresário.
Malafaia alega que o investimento foi feito para a compra de materiais e apoio à editora e nega qualquer envolvimento com o esquema criminoso de criptomoedas. Ele também nega ter promovido o “Sheik do Bitcoin” junto a fiéis da igreja. “Onde é que eu fiz propaganda para alguém comprar coisa ou membros da minha igreja? Em lugar nenhum”, defendeu-se.
Francisley Valdevino da Silva foi condenado pela Justiça Federal do Paraná em outubro de 2024. Ele era proprietário da Rental Coins e de mais de 100 empresas, que movimentaram cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022. O golpe teria lesado cerca de 15 mil pessoas, incluindo celebridades como Sasha Meneghel.
Apesar da relação empresarial, Malafaia insiste que não pode ser responsabilizado pelos crimes cometidos por Francisley. “Querem me acusar de quê? Vão prender os 100 caras que tinham empresas com ele?”, questionou o pastor.