Uma expedição brasileira transformou gelo em revelação: pesquisadores encontraram um fóssil impressionantemente preservado na Antártica que começa a contar histórias inéditas. Batizado de Antarctichthys longipectoralis, esse peixe minúsculo – com apenas 8 a 10 cm – nadou em oceanos antigos durante o Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás. Sua redescoberta é uma cápsula do tempo gelada, mas cheia de calor e vida.
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A aventura começou no verão antártico de 2018/2019, com uma expedição do Projeto Paleoantar, parte do PROANTAR. Sob condições extremas e em solo remoto da Formação Snow Hill Island, o fóssil foi encontrado com tal perfeição que permitiu uma reconstituição em 3D inédita. Usando microtomografia – um scanner de raios-X digno de ficção científica – os cientistas geraram mais de 2 mil “fatias” digitais para reconstruir o peixe como ele era no Cretáceo.
Graças ao excepcional estado de conservação, o achado não apenas revela um peixe antigo, mas abre um portal para um passado onde a Antártica era menos tundra e mais paraíso tropical. A bióloga Valéria Gallo, da Uerj, destaca que a descoberta indica que a Península Antártica tinha clima mais quente e biodiversidade exuberante, desafiando tudo o que se imaginava sobre o continente gelado.
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Além de reacender o fascínio pelo passado, essa joia fóssil é uma chave para pensar no futuro da vida na Terra. Com o planeta aquecendo, entender como ecossistemas antigos se adaptaram – ou desapareceram – é mais crucial do que nunca. O Antarctichthys longipectoralis prova que a ciência pode resgatar o passado para nos avisar sobre o que está por vir.